terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Frevos de Pernambuco













Quando Capiba afirmou que Pernambuco tem uma dança que nenhuma terra tem, poderia ter acrescentado também uma “música”. Ambos, nasceram e desenvolveram-se em Pernambuco. Nunca se conseguiu que brotasse em outra terra, ao menos com a autenticidade do que se faz no estado. Detalhes, nuanças há no frevo que “estrangeiros” não conseguem captar. 


Origem do frevo 


 A palavra vem de "ferver", algo como agitação, isto é ponto pacífico entre todos os historiadores e pesquisadores. Em Pernambuco, apareceu entre os anos de 1910 e 1911 Ganhou repercussão quando foi citada em um jornal de Recife, em uma referência feita pelo jornalista Oswaldo Oliveira em 1907. É o carro-chefe do carnaval pernambucano. O Frevo é um ritmo rápido, acelerado, próprio para a dança. Existem mais de 120 passos de frevo, que são executados pelos passistas ou simplesmente pelos foliões. Inicialmente, quando os blocos de frevo se encontravam nas ruas era comum que seus integrantes lutassem para defender seu estandarte. Porretes e cabos de guarda-chuva eram os instrumentos usados, hoje foram substituídos pelas sombrinhas coloridas.



Curiosidades
  •  O "Dia do Frevo" é comemorado em 14 de Setembro.
  • Os passistas de frevo usam roupas coloridas, geralmente com as cores da bandeira de Pernambuco.
  • "Vassourinhas" é o frevo mais conhecido. É instrumental. 
  • Alceu Valença, Almir Rouche, André Rio, Gustavo Travassos e Claudionor Germano são alguns dos maiores cantores de Frevo da atualidade.
  • "Tesoura", "Dobradiça", "Ferrolho" e "Parafuso" são alguns dos passos de frevo.
  • Os frevos dos Blocos Líricos são hinos cantados durante todo o carnaval. Um dos mais famosos é: "Madeira Que Cupim Não Rói".









Voltei, Recife
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço
Quero ver novamente "Vassoura"
Na rua abafando
Tomar umas e outras
E cair no passo
Cadê "Toureiros"?
Cadê "Bola de Ouro"?
"As Pás", Os "lenhadores"
O "Bloco Batutas de São José"?
Quero sentir
A embriaguês do frevo
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé



CORDEL: O meu sertão agradece As chuvas que deus mandar.


O nordeste está sofrendo
Seco sem água e sem planta
O campina já nem canta
O gado não está comendo
As plantas estão morrendo
Dá vontade de chorar
Só deus pra nos ajudar
E ouvir a nossa prece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.

A terra fica doente
Fica a vida ameaçada
Gado morto na estrada
Chega dá pena na gente
O sertanejo carente
Vê a seca arrochar
Quem come do que plantar
Baixa a cabeça e faz prece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.

Quem só vive do roçado
É triste a situação
Se não plantar não tem pão
Pra dar ao filho coitado
O cabra fica apertado
Vendo seu filho chorar
Sem nada ter pra lhe dar
O sertanejo padece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.

Porém a seca obriga
O camponês apelar
Resolve então viajar
Pra se salvar ele briga
Sua família ele abriga
Bem longe do seu lugar
Mas se a chuva voltar
Diz ele à família a prece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.

Mesmo estando na cidade
Quando escuta alguém dizer
Que já começou chover
Lhe bate logo a vontade
Já lhe aumenta a saudade
E resolve então voltar
Pensando logo em plantar
Diz deus ouviu minha prece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.

Vem na primeira viagem
Era o que ele mais queria
A família com alegria
Ele cheio de coragem
Chega e ver outra paisagem
A asa branca a cantar
O verde, o gado a pastar
Com água tudo enriquece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.

Ver os rios transbordando
A mata verde e frondosa
Ho! Que paisagem mimosa
O gado gordo pastando
A passarada cantando
O milho a pendoar
Já tem feijão pra apanhar
O sertanejo envaidece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.

É esta a maior riqueza
Que se vê no meu sertão
Pois a maior ambição
Não é jóia e nem nobreza
Apenas que a natureza
Viva pra nos ajudar
Que deus possa abençoar
E da gente não se esqueça
Pra que o sertão agradeça
A chuva que deus mandar.


de Francisco Rariosvaldo de Oliveira
Olho D’água do Borges - RN

sábado, 25 de fevereiro de 2012

LUIZ GONZAGA


Biografia

Nasceu na fazenda Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, na zona rural de Exu, sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras composições. Sua mãe chamava-se Santana. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o instrumento). Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-lo. Não era nem adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sudeste do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.
Antes dos dezoito anos Luiz teve sua primeira paixão: Nazarena, uma moça da região. Foi rejeitado pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, que não o queria para genro e ameaçou-o de morte. Mesmo assim Luiz e Nazarena namoraram algum tempo escondidos e planejavam ser felizes juntos. Januário e Santana lhe deram uma surra ao descobrirem que ele se envolveu com a moça. Revoltado por não poder casar-se com ela, e por não querer morrer nas mãos do pai dela, Luiz Gonzaga fugiu de casa e ingressou no exército em Crato, Ceará. A partir dali, durante nove anos ele ficou sem dar notícias à família e viajou por vários estados brasileiros, como soldado. Não teve mais nenhuma namorada, passando a ter algumas amantes ao longo da vida.
Em Juiz de Fora-MG, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. A partir daí começou a se interessar pela área musical.
Em 1939, deu baixa do Exército na Cidade do Rio de Janeiro: Estava decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar nas áreas de prostituição da cidade. No início da carreira, apenas solava acordeão (instrumentista), tendo chorossambasfoxtrotes e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros. Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional: paletó e gravata. Até que, em 1941, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando Vira e Mexe , um tema de sabor regional, de sua autoria. O sucesso lhe valeu um contrato com a gravadora Victor, pela qual lançou mais de 50 músicas instrumentais. Vira e mexe foi a primeira música que gravou em disco.
Veio depois a sua primeira contratação, pela Rádio Nacional. Foi lá que tomou contato com o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, que usava os trajes típicos da sua região. Foi do contato com este artista que surgiu a ideia de Luiz Gonzaga apresentar-se vestido de vaqueiro - figurino que o consagrou como artista.
Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: A mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira.
Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes dos Santos deu à luz um menino, no Rio. Luiz Gonzaga mantinha um caso há meses com a moça - iniciado quando ela já estava grávida - Luiz, sabendo que sua amante ia ser mãe solteira, assumiu a paternidade da criança, adotando-o e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior.[2]
Odaléia, que além de cantora de coro era sambista, foi expulsa de casa por ter engravidado do namorado, que não assumiu a criança. Ela foi parar nas ruas, sofrendo muito, até que foi ajudada e descobriu-se seu talento para cantar e dançar, e ela passou a se apresentar em casas de samba no Rio, quando conheceu Luiz. A relação de Odaléia, conhecida por Léia, e Luiz, era bastate agitada, cheia de brigas e discussões, e ao mesmo tempo muita atração física e paixão. Após o nascimento do menino, as brigas pioraram, já que havia muitos ciúmes entre os dois. Eles resolveram se separar com menos de 2 anos de convivência. Léia ficou criando o filho, e Luiz,às vezes, ia visitá-los .[3]
Em 1946 voltou pela primeira vez a Exu (Pernambuco), e teve um emocionante reencontros com seus pais, Januário e Santana, que há anos não sabiam nada sobre o filho e sofreram muito esse tempo todo. O reencontro com seu pai é narrado em sua composição Respeita Januário, em parceria com Humberto Teixeira.
Em 1948, casou-se com sua noiva, a pernambucana Helena Cavalcanti, professora que tinha se tornado sua secretária particular, por quem Luiz se apaixonou. O casal viveu junto até o fim da vida de Luiz. Eles não tiveram filhos biológicos, por Helena não poder engravidar, mas adotaram uma menina, a quem batizaram de Rosa.[4]
Nesse mesmo ano Léia morreu de tuberculose, para desespero de Luiz. O filho deles, apelidado de Gonzaguinha, ficou órfão com 2 anos e meio. Luiz queria levar o menino para morar com ele e Helena, e pediu para a mulher criá-lo como se fosse dela, mas Helena não aceitou, juntamente coms ua mãe, Marieta, que achava aquilo um absurdo, já que nem filho verdadeiro de Luiz era. Luiz não viu saída: Entregou o filho para os padrinhhos da criança, Leopoldina e Henrique Xavier Pinheiro, criá-lo, no Morro do São Carlos. Luiz sempre visitava a criança e o menino era sustentado com a assistência financeira do artista. Luizinho foi criado como muito amor. Xavier o considerava filho de verdade, e lhe ensinava viola, e o menino teve em Dina um amor verdadeiro de mãe. [5]
Luiz não se dava bem com o filho, apelidado de Gonzaguinha. Ele passou a não ver mais o filho na infância do menino e sempre que o via brigava com ele, apesar de amá-lo, achava que ele não teria um bom futuro, imaginando que ele se tornaria um malandro ao crescer, já que o menino era envolvido com amizades ruins no morro, além de viver com malandros tocando viola pelos becos da favela. Dina tentava unir pai e filho, mas Helena não gostava da proximidade deles, e passou a espalhar para todos que Luiz era estéril e não era o pai de Luizinho, mas Luiz sempre desmentia, já que ele não queria que ninguém soubesse que o menino era seu filho somente no civil. Ele amava o menino de fato, independente de ser filho de sangue ou não.[6]
Na adolescência, o jovem se tornou rebelde, não aceitava ir morar com o pai, já que amava os padrinhos e odiava ser órfão de mãe, e dizia sempre que Luiz não era seu pai biológico, o que entristecia-o. Helena detestava o menino e viva implicando com ele, e humilhando-o e por isso Gonzaguinha também não gostava da madrasta Helena, o que afastou e causou mais brigas entre pai e filho, já que Luiz dava razão à esposa. Não vendo medidas, internou o jovem em um colégio interno para desepsero de Dina e Xavier. Gonzaguinha contraiu tuberculose aos 14 anos e quase morreu. Aos 16, Luiz pegou-o para criar e o levou a força para a Ilha do Governador, onde morava, mas por ser muito autoritário e a esposa destratar o garoto, o que gerava brigas entre Luiz e Helena, Gonzaga mandou o filho Gonzaguinha de volta ao internato.[7]
Ao crescer, a relação ficou mais tumultuada, pois o filho se tornou um malandro, tornando-se viciado em bebidas alcoólicas. Ao passar o tempo, tudo foi melhorando quando Gonzaguinha resolveu se tratar e concluiu a universidade, e se tornou músico como o pai. Pai e filho ficaram mais unidos quando em 1980 viajaram o Brasil juntos, quando o filho compôs algumas músicas para o pai. Eles se tornaram muito amigos, e conseguiram em fim viver em paz.[8]
Luiz Gonzaga sofria de osteoporose a alguns anos. Morreu vítima de parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte (a contragosto de Gonzaguinha, que pediu que o corpo fosse levado o mais rápido possível para Exu, irritando várias pessoas que iriam ao velório e tornando Gonzaguinha "persona non grata" em Juazeiro do Norte) e posteriormente sepultado em seu município natal.




Discografia


FONTE: Wikipédia

CARTA MATUTA DE UM POETA DO SERTÃO


Autor e Remetente: Dé Pajeú.
Endereço: Cafundós do Sertão Pernambucano.
Destino: Cacá Lopes
Lajeado -Periferia – Zona Leste de São Paulo.
Meu cumpade Cacá Lope
Um forte aperto de mão,
Receba o meu abraço
De alma, de coração,
Desse amigo cantadô
São versos de gratidão.
É uma carta matuta
Um “disabafo” rimado,
Das “coisa” qui só acontece
No Sertão “ixturricado”
Pra você qui tá ozente
Num ficá “dizinformado”.
Cacá, aqui nessas “banda”
A situação tá é pió,
Eu já tô é avexado
Miséra é di fazê dó,
Pra isquecê a lamúria
Só caindo num forró.
Aqui no nosso Sertão
Tá tudo é “dirmantelado”
Com o vírus da evolução
O povão ta “imbriagado”,
Ninguém “trabaia” “marnão”
É um funaré lascado.
Nos cafundó do Nordeste
É grande a “isculhambação”,
Tem um labaçé de “mota”
De D-vinte e caminhão,
O jogo di curingado:
Cana e “proxtituição”.
Tem “caba” qui baba o quêxo
Com arnêga a requebrá
“Bebo” “fazeno” munganga
Pus povo bom “ispiá”,
E o futuro das “criança”
Ninguém sabe aonde tá.
Minina “cunspeito” inxado,
Siparésse dois mamão.
Dá pena vê êsses pôvo,
Sem futuro no Sertão,
É um “fuá”” mizerável”
E um mundo di perdição.
Muié novinha “parino”
Somente pra recebê
O dinhêro do guvêrno,
Qui a criança nunca vê
Pruquê ela compra cum ele
Parabólica e Vevedê.
Toma “ceuveja” gelada
Curte som e fica a olhá,
Uzómi tomano pinga
E a “fiarada” a “isperá”
In casa, cum buxo seco
Sem tê o que alimentá.
Amigo! A “corra” tá feia
O Sertão tá ôto mundo,
Nas “calçada”, nus buteco
Tá assim de vagabundo,
De quenga, de caxassêro,
O “pobrema” é profundo.
Tem uns “véi” “apuzentado”
Qui inventa di namorá,
Inquanto dêxa in casa
A veinha a lhe “isperá”,
Vai bebendo, vai curtindo
A cabeça vai ingaiá.
Vai pra feira, enche a cara
Perde o saco na “istrada”,
“Isquece” a “bicicreta”
Num tráiz feira, nun tráiz nada,
É um “furdunço” da gota
Êta vida “ atulemada”.
Mente pra sua “muié”
Aumenta a confusão,
Diz: o bolso tava furado
E eu perdi todo “tustão”
É comum vê esses cabra
Esses “tipo” no Sertão.
Meu amigo Cacá Lope
Eu vivo é “incabulado”
Aqui no nosso rincão
É um funaré laskado
É minino caxassêro
E muito “aduto” safado.
Sapatão, quenga, baitola
Dá inté pá importá,
Axé, fânki, som muderno
Ajuda a “iscuiambá”
Nega cum rabo di fora
Criança vê qué copiá.
Mas Cacá, um dia desses
Eu fui a uma vaquejada,
E “resurví” tomá uns gole
Cuma se diz, uma lapada
E chamei para dançá
Uma negona aloprada.
Eu já “quage” “imburanado”
Com a morena abufelei,
E bebo é “bixo” safado
Os “trabái” eu cumeçei
Tava cá gota serena
Quando um passo “infalso” dei.
A côrra “tafa ficano”
Muito bom, tava “arroxado”
Mas se eu num fosse “isperto”
Eu tinha me arrombado
Pois a “|pexte” da morena
Num era um diacho dum viado!

fonte: site araripina.com