segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O ARTISTA - AMAZAN



A REVOLTA DAS JUMENTAS


Quem primeiro inventou greve
Aqui em cima do chão
Foi um lote de jumentas
Até com certa razão
É que Deus tava criando
Seus animais e soltando
Uns com urro, outros com berro
E por muito ter trabalhado
Sentiu-se um pouco cansado
Porque ninguém é de ferro.
Deus estava terminando
De inventar o jumento
Mas resolveu descansar
Determinado momento
Chamou um anjo importante
Que era seu ajudante
E amigo particular
E lhe disse com capricho
Termine aqui esse bicho
Que eu vou ali descansar.
E quando Deus retornou
Do seu descanso sagrado
Deu de cara com o jumento
Que já tava terminado
Mas notou logo um defeito
E disse assim desse jeito:
"Rapaz num tem jeito não,
só dá tempo eu me ausentar,
pro negócio desandar
no setor da criação."
É que o seu ajudante
Concluindo o animal
Deixou aquele negócio
Meio desproporcional
Metro e "mei" de comprimento
Maior do que o jumento
Chega passava da venta
Deus disse: "Num presta não,
que não vai ter posição
dele subir na jumenta."
O anjo disse: "Eu ajeito,
Comigo não tem fracasso,
É só pegar uma faca
E tirar aqui um pedaço.
"As jumentas escutando,
Foram logo se juntando
E num desejo comum,
Disseram logo em seguida:
"Vê se arruma outra saída,
cortar? De jeito nenhum."
E fizeram uma assembléia
Colocaram em votação
Ganhou por unanimidade
A frase do "corta não"
Com a confusão criada
Deus viu que da enrascada
O anjo não sairia,
Aí entrou em ação
Pra mostrar a dimensão
Da sua sabedoria.
A marreta de dois quilos
Pediu para alguém trazer
E disse: "Segura o jegue,
que a gente vai rebater.
"Aí baixou a pancada
Dava cada marretada
Chega esquentava a marreta
E o jegue até hoje em dia
Possui a mercadoria,
Da forma de uma corneta.




Amazan nasceu em Campina Grande, no dia 05 de Outubro de 1963 e foi criado em Jardim do Seridó, interior do Rio Grande do Norte, onde desde criança já apreciava a poesia e a boa música nordestina. Ainda no início da adolescência dava os primeiros acordes na sanfona. Em Jardim do Seridó viveu até os 19 anos, quando voltou para Campina Grande. Na Rainha da Borborema, por volta de 1984, conheceu o grupo de cultura nativa Tropeiros da Borborema e, a convite de Gerson Brito, seu Diretor, passou a ser "tocador oficiá dos tropêro". Como membro dos Tropeiros, Amazan teve oportunidade de mostrar a sua arte para vários estados brasileiros e até para a Europa, sendo o grupo uma vitrine para o seu trabalho e para uma mudança profunda na sua visão do mundo. O seu fascínio pela música determinou definitivamente os caminhos pelos quais iria percorrer, e junto com dois outros integrantes formou "os três do forró" e gravou o seu primeiro compacto; Algum tempo depois este grupo se desfez e um novo trio foi criado, o "festejo nordestino", e mais um compacto gravado. Era o início de uma definição profissional.


A poesia chegou primeiro na vida de Amazan e por volta dos doze anos escreveu o primeiro de uma série de cordéis. Escreveu e editou dois livros. Palavra De Nordestino e Nordeste Em Carne e Osso. O terceiro livro, HumoRimado está em fase de digitação. As suas composições atestam a sua maturidade e autenticidade de quem cresceu em contato com a típica condição nordestina, ouvindo cantigas que carregavam em suas letras a realidade do sertão e o retrato genuíno da saga de pessoas que conhecia e eram personagens dessas histórias. Amante do forró, enriquecido pelas raízes culturais que lhe deram suporte para buscar estabilidade, autenticidade, mas também pela responsabilidade de levar ao seu público uma cultura enraizada nos pilares nordestinos, com amor e respeito ao gênero musical sem recorrer a apelos agressivos...........E nesse caminho, Amazan canta e conta as paixões, o pensamento e a cultura de um povo, sendo a música e a poesia a meta de realizar o desejo de falar a língua emocional do mundo e um veículo mágico para transformar dificuldades e tristezas, e exaltar a alegria do canto e da dança.

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